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Wesley Novaes

Operador geral em frigorífico

Foi numa segunda feira, eu cheguei no serviço, senti o nariz entupido sempre. Peguei álcool em gel, passei na mão e puxei o ar, não veio o cheiro do álcool, só ardeu o nariz. Eu vi que alguma coisa não estava certa. Aí eu apavorei. Fui na médica, ela falou para ficar de quarentena. Ela deu um papel que não podia ter contato com ninguém da casa, usar máscara, os talheres usar um só pra mim, banheiro só pra mim. Em casa eu tenho três pessoas no grupo de risco. Por sorte ninguém pegou. A respiração dava uma travada na voz, faltava ar, fiquei uns três dias com fadiga. Eu acordava e percebia, tô vivo ainda. Mas tinha vezes que eu ia dormir com medo de não acordar mais. Eu fiquei 15 dias preso no quarto. Andava com um borrifador de álcool, tudo que eu tocava eu borrifava. Sentia que tinha um aperto em mim, que qualquer momento eu podia morrer por causa desse COVID desgramado.

Fotografia por: Rafael Bernardes

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